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Sonoridade muito particular
O guitarrista Victor Biglione é a principal atração desta quinta (dia 19) no Jazz in Festival, evento agregado ao 32º Festival de Música de Londrina
por 32º FML - Alea/Doc
O guitarrista Victor Biglione

Um músico consciente da sua arte seria uma boa definição, mas não o suficiente para classificar definitivamente o guitarrista Victor Biglione. Afinal de contas, elogios e reconhecimentos adjetivados à sua sonoridade extremamente particular são colhidos todas as vezes em que ele se apresenta no Brasil ou no exterior.

Em Londrina não deverá ser diferente. É que a apresentação do instrumentista, agendada para quinta-feira (dia 19), às 22h30, no Bar Valentino, está cercada de boas expectativas. Biglione é uma das principais atrações do Jazz in Festival, evento abarcado pelo 32º Festival de Música de Londrina, que prossegue até sábado (dia 21).

O músico argentino naturalizado brasileiro há quase 50 anos sobe ao palco, acompanhado de Arlete Rocha (baixo) e Victor Beltrame (bateria), para interpretar um repertório tão eclético quanto nobre. Que terá folclore brasileiro (“Mulher Rendeira”), Milton Nascimento e Fernando Brant (“San Vicente”), Miles Davis (“Nardis”), Charlie Parker (“Donna Lee) e até mesmo uma homenagem ao grande Johnny Alf (“ Eu e a Brisa”).

O músico retorna a Londrina depois de 16 anos. Tem boas recordações da cidade, que considera de “alto nível” em qualidade de vida. A última vez que esteve por aqui foi em uma apresentação como solista da Orquestra de Tatuí, com regência de Wagner Tiso. “Foi um momento muito bacana”, recorda-se.

Victor Biglione construiu uma sólida trajetória artística ao ponto de ser considerado um dos melhores guitarristas do mundo. A principal característica musical é a mescla de MPB, Jazz, Bossa Nova, Rock e Blues. “Minha trajetória foi construída com muita responsabilidade, mas de uma forma muito tranquila. Nunca fiz nada por dinheiro. Faço música por prazer mesmo e, por isso, agradeço a Deus todos os dias“, frisa.

A importância do guitarrista, violonista, produtor musical, compositor e arranjador pode ser também conferida no livro “O Guitarrista Victor Biglione & e a MPB” (2009), escrito pelo poeta e pesquisador Euclides do Amaral. A publicação ganhou, no ano passado, a segunda edição pela Esteio Editora, com prefácio de Sergio Natureza e orelhas escritas por Ricardo Cravo Albin.

Mais de 300 trabalhos com artistas - Victor Biglione nasceu em San Telmo, na cidade de Buenos Aires, na Argentina, e mudou-se com a família para o Brasil aos cinco anos de idade. O violão lhe caiu às mãos em 1970. De lá para cá, foi se aprimorando e tornou-se músico profissional.

Em seu currículo constam trabalhos com mais de 300 nomes da Música Popular Brasileira - como Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Ivan Lins, só para citar alguns - e também da música internacional, entre eles Andy Summers, ex The Police, com quem gravou dois discos – “String of Desire” (1998) e “Brazil Splendid” (2002). Biglione foi o único brasileiro a participar no New York Guitar Festival, no segundo semestre de 2002. Ganhou também, em 1988, o Prêmio Grammy por sua participação no CD “Brasil”, do grupo americano The Manhattan Transfer.

Assim ele foi descrito no livro “MPB - A História de Um Século", de Ricardo Cravo Albin: “O músico estrangeiro com a maior contribuição em gravações e shows na MPB". “Toquei com a nata da música brasileira”, diz orgulhoso.

Por esse motivo, críticas não faltam aos modismos musicais e às “armadilhas” comerciais de gravadoras. “Nunca entrei nessa onda de vender às pampas se eu fizer um determinado tipo de música. Quando sinto que é comercial, caio fora como já fiz quando pertencia à [banda] A Cor do Som”, avisa. Ele deixou a banda em 1984, após a gravação do disco “As Quatro Fases do Amor”, em que Lincoln Olivetti teria sido chamado para fazer “arranjos da moda”.

Sim, a sonoridade de Biglione é sofisticada. Ou melhor, é coerente como convém a quem faz música sem concessão. “O ouvido das pessoas está cada vez mais se acostumando à desarmonia de canções comerciais. Os meios de comunicação não trabalham com a nossa história musical. Isso é terrível, pois a música brasileira é muito rica”, analisa.

Disco com Cássia Eller - A discografia de Victor Biglione é composta por mais de 30 títulos, entre solos e parcerias. O mais recente é “Tangos Tropicais” (2010), idealizado por Nelson Motta, em que o instrumentista recria clássicos da MPB com a sonoridade do tango.

Há tempos, Biglione tentar colocar no mercado uma raridade- o CD “Victor Biglione e Cássia Eller in Blues: If Six Was Nine”, registrado com a intérprete há mais de dez anos. A família da cantora, que morreu em 2001, não autorizou o lançamento por um motivo no mínimo estranho: “Disseram que ela [Cássia] gritou demais... Nada disso!! Trata-se de um disco fantástico e quem perde com isso é o público”, frisa. Faixas do disco estão disponibilizadas no Youtube.

Cinema, prêmios e FML - O cinema está intimamente ligado à vida artística de Victor Biglione. Ao todo, ele compôs oito trilhas sonoras para filmes nacionais e conquistou alguns prêmios, entre eles dois Kikitos de Ouro no Festival de Gramado (RS).

O primeiro, em 1996, foi com “Como Nascem os Anjos”, de Murilo Salles. O outro foi em 2007 com “Condor”, documentário de Roberto Mader. A mais recente trilha foi composta especialmente para “Elvis e Madona” (2011), do cineasta Marcelo Laffitte, que já arrebatou importantes prêmios.

Sobre sua apresentação no Jazz in Festival, Victor Biglione não esconde a satisfação ao saber que é uma das atrações mais esperadas. “Farei o possível para corresponder às expectativas do público. São eventos importantes como o Festival de Música de Londrina que possibilitam a nós, músicos, uma aproximação maior com pessoas que realmente gostam do nosso trabalho”, sentencia.  Ele tem razão!

SERVIÇO

 

Jazz in Festival. 32º FML

Guitarrista Victor Biglione

Dia 19 - quinta, às 22h30,

Bar Valentino (Avenida Faria Lima, 486).

Coordenação Musical: Kiko Jozzolino.

Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00 (estudantes e professores do FML)

Vendas só no Bar Valentino.

 

Assinatura:

 

O Festival de música tem a direção artística do pianista Marco Antônio Almeida e é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura - Governo do Estado do Paraná // Secretaria Municipal da Cultura - Prefeitura do Município de Londrina // Casa de Cultura - Universidade Estadual de Londrina e Associação de Amigos do FML. O evento tem o apoio do Londrina Convention Bureau.

 

Patrocínio: Lei de Incentivo a Cultura/ Ministério da Cultura, Caixa, Copel, Plaenge.

Co-patrocínio: Unimed, Colégio Maxi, Verniè Citröen, Marajó, SESI, Royal Plaza, Sonkey.

Apoio: Teatro Guaíra/ Conta Cultura, ACIL, Colégio Mãe de Deus, Sesc Paraná,  Artis Colegium, Paróquia Sagrado Coração de Jesus,Rádio Universidade, MultiTV, Itamaraty, Colégio Marista, Crilon Hotel, Sercomtel, Teatro Crystal, Restaurante Alameda, Informática & Cia e Sanepar.

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