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Percussão ganha espaço no FML
A marcação dos ritmos de uma peça sinfônica ou não tem na percussão o colorido das peças
por Ascom 30º FML – Alea/Doc
Percussão também é destaque no FML / Foto: Devanir Parra

Ritmo, emoção e dramaticidade. Na música sinfônica, quem garante estas três características de maneira mais marcante são os instrumentos de percussão. “O fortíssimo, aquela explosão que acontece em algumas músicas executadas por orquestras, não existiria sem a percussão”, comenta o percussionista da Orquestra Sinfônica da UEL (OSUEL), Marcello Casagrande, que dá aulas no curso de Percussão Sinfônica, dentro da programação pedagógica do Festival de Música de Londrina (FML).

A percussão, apesar de estar no fundo do palco, tem tido um lugar de destaque no FML, tanto na programação artística quanto nos cursos e oficinas. Casagrande observa que desde abertura do festival, até o seu encerramento, o público pode e poderá apreciar músicas em que os instrumentos percussivos dão um espetáculo a parte.

“A Carmina Burana, que será a peça principal do encerramento, é um dos principais exemplos da importância da percussão na música sinfônica, em que até o piano, que apesar de muita gente não concordar também é um instrumento de percussão, ganha ainda mais um caráter percussivo juntamente com outros instrumentos melódicos que também serão percutidos”, comenta.

Para se ter uma ideia do peso da percussão na cantata de Carl Orff (1895/1982), o FML convocou seis percussionistas para dar conta da partitura da cantata. Casagrande diz que estará acompanhado por cinco de seus alunos. Afinal, o naipe de percussão terá quatro tímpanos, prato, tam-tam (gongo), bells (sinos), caixa clara, xilofone, vibrafone, marimba, pandeiro sinfônico, triangulo, matraca e castanhola.

Na abertura do FML, observa o professor, a orquestra executou a peça “Choros nº 10”, de Heitor Villa-Lobos, em que a percussão tem grande importância. “Villa-Lobos aproveitou a riqueza da percussão e dos ritmos brasileiros em sua obra”, comentou.

A percussão sinfônica, explica Casagrande, ganhou maior importância dentro de uma orquestra no início do século 20. “Antes disso os instrumentos de percussão eram apenas para dar um certo colorido para as peças, marcar o ritmo”, comenta. Como qualquer outro instrumento de orquestra, observa Casagrande, a música para percussão também é escrita em partituras.

O percussionista diz que alguns compositores, como o romântico francês Louis Berlioz (1803-1869) e o húngaro Béla Bartók (1881-1945) exploraram bastante a percussão em suas obras. Mas foi apenas no século passado que as primeiras peças sinfônicas com solos de percussão foram escritas pelo francês Edgar Varési.

Casagrande diz que este é o segundo ano que participa do FML como professor de Percussão Sinfônica. A sua turma conta com 10 alunos, que no próximo sábado (24/07), às 10 horas da manhã, irão apresentar peças escritas para quartetos e trios de percussão e outras peças apenas para tambores ou marimba. Eles vão executar obras dos compositores norte-americanos Willian Kraft e Warren Benson e dos brasileiros Roberto Vitório e Nei Rosauro.

O percussionista Marcello Casagrande também é cria do FML. Ele conta que começou a se interessar pela percussão sinfônica quando participou de um curso no Festival de Música de Londrina, em 1988, com o professor Luiz da Anunciação, que integrava a Orquestra Sinfônica Brasileira. “Antes tocava bateria em uma banda de rock aqui da cidade. E quando conheci a percussão sinfônica não parei mais”, comenta. Ele também destaca a participação, como aluno, nas classes do professor John Boudler, da Unesp. “Ele trouxe ao festival o primeiro grupo de percussão do País”, recorda. Em 1991, ele passou a fazer parte da OSUEL.

Casagrade afirma que a percussão só não cresce mais no festival por causa da falta de estrutura. “Há falta de instrumentos em Londrina. Para Carmina Burana, por exemplo, tivemos de alugar alguns para poder apresentar a obra”, comenta. O percussionista afirma que falta apoio até mesmo para a OSUEL adquirir alguns instrumentos que o grupo sinfônico não tem. “Deixamos de fazer muitas peças porque não temos os instrumentos de percussão que a partitura exige”, afirma.

FML