O curso de Percepção e Análise, oferecido pelo 30º FML, trabalha com o principal instrumento do músico: o ouvido.”Os outros instrumentos são a extensão do aluno”, explica a docente Nívea Nasser, que dividiu o curso em duas partes para atender dois níveis de alunos. “A música tem escalas, intervalos, estrutura rítmica, harmonia e é possível identificá-las. Para isso, é necessária a teoria musical”, diz.

De acordo com a professora, o curso tem objetivo de proporcionar aos alunos formas sobre como ‘escutar’ de outra maneira, de ter um ouvido informado. “O ‘Bolero de Ravel’, por exemplo, tem uma melodia que se repete o tempo todo. O aluno é levado a perceber como o compositor cria a diversidade na composição, como coloca uma variedade timbrística, inserindo um instrumento diferente a cada momento”, diz Nívea.

A professora explica que escutar é um gesto particular. “É como ler um livro, ninguém pode fazer no lugar de outro”, compara. Segundo ela, é preciso trabalhar e treinar o ouvido, processo que ocorre a médio e longo prazo e exige paciência. “É como tocar um instrumento”, diz.

O curso de percepção oferece duas práticas complementares. Uma delas é o solfejo, que consiste em ler a partitura e expressar a música por meio da sonorização com a voz. A segunda técnica é a que ensina o aluno a escutar a música e escrevê-la na partitura.

Na análise, o aluno é levado a decodificar a peça musical. “Ele desmonta e destaca as matérias-primas utilizadas na composição: os instrumentos, as escalas e intervalos que o autor pôs na música”, explica.

Nívea considera o Festival de Música de Londrina uma oportunidade para alunos e professores aprimorarem seus conhecimentos. “Todos que podem devem aproveitar, porque o festival tem um nível alto e é muito bem organizado”, afirma.

Currículo
Nívea Nasser nasceu em Londrina e estudou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, na classe do Prof. Norton Morozowicz, onde obteve a graduação nos cursos de bacharelado em Flauta Transversal e no curso superior de Licenciatura em Música. É mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP com a dissertação - Uma Sonoridade para Reconhecer o Brasil. A presença do Choro em Villa-Lobos. Entre 1989-1990 especializou-se em Flauta Transversal na Holanda, na sob orientação do Prof. Jorge Caryevschi. Como instrumentista integrou a Orquestra Sinfônica da Universidade Estadual do Paraná e realizou recitais com várias formações instrumentais, como solista e camerista. Em dezembro de 2009 fez a direção musical e execução instrumental no espetáculo da Cia. Teatro Imago de Animação, – Folia para Sopro, Cordas y Marionetes, em Londrina. Como professora de Flauta Transversal, Percepção, Teoria Musical, História da Música; Linguagem e Estruturação Musical ministrou aulas em várias instituições, entre elas, a Universidade Estadual de Londrina (UEL); Faculdade Paulista de Arte (FAP-ART); Faculdade Mozarteum de São Paulo (FAMOSP); Faculdade Santa Marcelina (FASM), Universidade Livre de Música (ULM) e Escola Rudolf Steiner de São Paulo. Atualmente ministra aulas individuais e em grupo de Flauta Transversal; Apreciação Musical;Teoria e Percepção e História da Música. É fundadora do grupo Trobaritz Ensemble, que pesquisa a reciprocidade entre gêneros da música brasileira e música barroca.