imprimir este artigo   Voltar VOLTAR
Reflexões sobre a produção musical paranaense
1º Encontro Paranaense de Composição Musical é aberto com homenagem a Henrique de Curitiba
por Ascom 30º FML - Alea/Doc
Abertura do 1º Encontro Paranaense de Composição Musical / Foto: Devanir Parra
Compositores de origem paranaense se debruçam de hoje a quarta-feira sobre a produção musical no Estado durante o 1º Encontro Paranaense de Composição Musical, que acontece no auditório da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil). “Pela primeira vez estamos promovendo um núcleo de discussão sobre a composição; o que o Estado produz e como produz”, diz Fernando Kozu, coordenador do evento, ressaltando que muito dificilmente a música produzida pelos artistas paranaenses tem espaço nos meios tradicionais de divulgação.

O encontro reúne em conferências e mesas-redondas os compositores Chico Mello, Harry Crowl, Arrigo Barnabé, Rogério Krieger e Mário Loureiro. O encontro foi aberto na manhã desta segunda-feira com uma homenagem ao músico Henrique de Curitiba (Henrique Morozowicz) com a apresentação de uma compilação da obra do compositor para coral, organizada por Glacy Andrade, docente da Universidade Federal de Goiás (UFG). O evento foi aberto com uma apresentação do Ventro Trio, que executou uma peça de Henrique.

Glacy Andrade afirma que Henrique apreciava muito o canto coral. “Ele dizia que ‘adorava’ escrever para coro. Afirmava que ‘a coisa que mais o satisfazia como expressão é a voz humana”, conta. Como conviveu com o autor, Glacy atesta que Henrique, apesar da aparência formal, era doce e apresentava várias facetas de personalidade. “Era conhecido como Henrique de Curitiba, mas também tivemos o Henrique de Londrina, o Henrique de Goiânia”, afirma, relatando que o compositor atuou como docente na UFG.

Para o maestro Norton Morozowicz, irmão de Henrique, o encontro de compositores é uma boa oportunidade para reunir os autores paranaenses e discutir o desenvolvimento do trabalho e atender uma necessidade do setor, como também desejava Henrique. “Ele dizia que o compositor é um dos mais marginais, não tem espaço para o trabalho e nem para divulgação”, diz.

Norton lembra que o compositor tem que se desdobrar em várias atividades, como lecionar em escolas de música. “Há pouco espaço em orquestras para divulgar o trabalho. Até mesmo os grandes compositores têm dificuldades, a maioria das obras não é editada”, critica. Norton disse lastimar a falta de Henrique no encontro, mas ressaltou que a ausência foi preenchida pela apresentação da compilação da obra dele e a apresentação de um vídeo com o músico na época em que comemorava os 50 anos de atuação.

Para o compositor Chico Mello, o encontro deve proporcionar uma reflexão sobre o tema. “É uma tentativa de ver se existe uma produção com a identidade do Paraná”, diz Chico que há vários anos vive na Alemanha. Mello também cita as dificuldades do músico no Brasil. “Há pouca estrutura para garantir o espaço do profissional”, afirma.

Arrigo Barnabé afirma que o encontro permite uma discussão sobre a produção musical no estado. “Os próprios compositores têm suas dúvidas”, diz. Arrigo também critica a falta de espaço para o setor. “Os músicos ficam restritos à área acadêmica e perdem contato com o público”.

Na programação, constam os seguintes temas: “Panorama da composição musical no Paraná” com Harry Crowl; “A importância da música na sociedade atual”, organizado por Rogério Krieger; “Criação musical e crise da cultura na sociedade contemporânea” discutida pelo londrinense Arrigo Barnabé; a mesa redonda “Aspectos da formação do compositor na atualidade” mediado por Mário Loureiro e “Corporalidade, referência e identidade” coordenado por Chico Mello.

A programação completa do Encontro está no site www.fml.com.br

FML